Na Páscoa, eu refleti sobre a importância da mulher
- Célia Chueire

- 18 de abr. de 2022
- 3 min de leitura

O mês de março são lembranças, e com ele já se foi o Dia Internacional da Mulher e algumas das reflexões sobre seu significado. Ainda virão dias, anseio por eles, que a existência feminina será honrada na devida medida. E zelada, também.
Nessa Páscoa, celebração judaico-cristã, trago à minha mente uma personagem que emerge dos textos bíblicos, quase que silenciosamente, que remete à uma vida atribulada, mas também cheia de ternura. Ela aparece nos evangelhos somente 14 vezes, de modo que o resto é deduzível ou exige um pouco de liberdade exegética: Maria Madalena. Maria, a Madalena, de idade desconhecida, seria originária de uma pequena aldeia chamada Magdala, a noroeste do mar da Galiléia, num lugar que atualmente está no Iraque. Sabe-se dela que Jesus expulsou sete demônios que habitavam seu ser. Se você crê ou não...
Numa casa de recuperação de mulheres dependentes químicas, outras Marias de tantas Marias.... Uma dessas, que conheci, tinha mais de 40 anos, algumas tentativas de suicídio e muitos anos de consumo de drogas e relacionamentos abusivos. Tudo lhe foi tirado, menos os bonitos traços de uma distante juventude e a ferrenha esperança de cura para poder retomar a jornada da vida cotidiana. Mais Maria, entre tantas outras Madalenas de todos os séculos.
Na trajetória histórica da mulher de Magdala, é que aparece o Filho de Deus, que num átimo, restaura a identidade dela, saúde, vigor e sonhos. Numa sociedade em que mulheres e crianças sequer eram contadas como seres dignos, sua identidade pertencia ao marido, caso o tivesse, e o apedrejamento era o destino daquelas em caso de “desvio moral”.
Deus nela se manifesta, resgatando seu valor e dignidade para todos os tempos, para que os homens, as leis, a sociedade, a cultura, os governos olhassem a mulher como Deus as vê, com Amor e dignas dele e Dele.
Que tem “isso” com tempos modernos que vivemos? Afeta nossas relações sociais e comerciais? Poderia e pode. Não precisamos que homens nos deem como se lhe pedíssemos. Somos aptas a conquistar nossos espaços e direitos, nutrirmos a nós mesmas. Capazes de transformar a casa em um lar, com ou sem marido. Aptas a transformar lugares de trabalho com nossas habilidades e dons, sem precisarmos nos desfazer da ternura ou da empatia. Conservando a doçura do ser feminino e A força também.
Sim, há também os limites, as cercas protetoras a serem estabelecidas, sem necessariamente perder a essência do que temos de melhor. Aqui não caberia a declaração:” quando sou boa, eu sou boa; quando sou má, sou melhor ainda”. Sombra que não carece, deixada por Marias à mercê de outras marias.
Somos Marias, maiúsculo é o nosso “M”. De maravilhosas! Nem todas virtuosas. Algumas fúteis, sem missão de vida, prisioneiras da amargura, intriga, manipulação, egoísmo e por aí afora... Você as percebe no escritório, em casa, na empresa, pelos rastros sinistros que roubam o valor de suas habilidades e talentos. Mas são minoria! Ainda bem.
As Marias Madalenas, essas espalham o têm de melhor, por onde quer que vão.
O que passa em sua mente quando pensa o papel da mulher historicamente? Hoje, no meu home-office, ainda inundada da alegria da Páscoa, da estada dos filhos comigo, fiquei imaginando aquele ambiente daquela época, com regime totalmente centrado nos homens. As agruras vividas por aquelas mulheres são presentes no nosso tempo! Ainda que tão distante historicamente ainda somos muitas vezes “não contadas”, não consideradas, não incluídas, não respeitadas.
Foi uma mulher quem primeiramente viu Jesus após sua Ressureição.
Foram muitas e muitas primeira mulher a historicamente conquistar algo de valor ou apoiar para que assim sucedesse.
A Páscoa me pôs a refletir, se um dia receberemos dos homens Amor parecido, respeito devido, como Jesus deu à Madalena.
Tomara. Eu anseio por ter como rotina esse dia, que muitas vezes recebi ao longo de minha trajetória profissional e que somente em raros momentos me foi negado.
No domingo de Páscoa, agraciada com a companhia de meu marido e filhos, divaguei imaginando quando toda a nossa sociedade ressuscitar para o real sentido do amor para com Deus e o próximo. E sorri, esperançosa.
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